segunda-feira, 11 de maio de 2009

Lula, que nada. Sarney sim, é o "cara"

Lula, que nada. Sarney sim, é o 'Cara'


Uma pena que o pessoal da CIA e Hillary Clinton a poderosa ministra de Relações Exteriores não tenham feito uma leitura atualizada de quem é quem na política e no poder made in Brazil. O presidente dos Estados Unidos errou o alvo ao apontar o dedo para Lula e proclamar: He’s the man (este é o Cara).


Presidente, outra vez, do Senado; ex-presidente do Brasil; líder absoluto do Maranhão; senador pelo Amapá; influência no Pará, Acre, Rondônia, Roraima, poder de primeira grandeza no Palácio do Planalto; nos ministérios; conhecedor profundo dos mistérios, segredos e dos up and downs de Brasília Sarney sim é o Cara. E na seqüência outro Cara é o banqueiro José Meireles, presidente do Banco Central. Sarney nas instituições e Meireles nas finanças mandam no país. Lula passou a ser o nosso Plenipotenciário de Relacionamentos e de Contatos de Primeiro Grau. Fala de igual para igual com Hugo Chávez, Fidel e Raul, José Santos de Angola, Sarkozy da França, Noriega, com o presidente da China, senta-se ao lado da Rainha da Inglaterra...
Dorothy Miller foi minha aluna de português no curso de idiomas do setor de turismo da American Express em New York onde eu dava aulas para executivos com interesses no Brasil e em troca, recém chegado da Rússia, tomava aulas de inglês.

Estudiosa, curiosa e “crazy” pelo Brasil ela passou a ser uma brazilianista das nossas manifestações culturais. Mais tarde, Dorothy enveredou-se pela política e segundo ela “estou boiando ate hoje, é difícil entender os políticos brasileiros”.


Se fosse só Dorothy, dava-se um jeito. A maioria do nosso povo boiando continua nas águas mornas e turvas dos muitos igarapés e rios que formam a grande bacia da política brasileira. Dorothy procura uma figura da nossa política para ser personagem de seu livro, uma biografia romanceada. Sugeri o acadêmico, escritor e Político José Sarney.
Explico: JS é bom no que faz. Ele é o Político Clássico, uma espécie em extinção.

Desde que me conheço por gente ouço falar dos Sarney do Maranhão. Meus dois pais garimpeiros eram maranhenses. O biológico, Raimundo Nonato Pereira, era de Pedreiras, João Edson Pacheco, o pai adotivo, de Loreto. Cresci ouvindo lendas e histórias maranhenses. Tenho um amor desgarrado por uma moreninha que deixou Cuiabá por São Luis. O cantar de Alcione é o Brasil pulsando nas veias.


Conheci Sarney parlamentar brasileiro junto às Nações Unidas em New York; na presidência da República quando- e sou-lhe eternamente agradecido- ele assinou a lei criando o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães; depois na presidência do Senado e em suas viagens a Mato Grosso, numa das quais, em Chapada dos Guimarães, onde o então deputado federal Wilson Santos (atual prefeito de Cuiabá) o presenteou com uma estátua do tuiuiú a ave símbolo do Pantanal ao que o Mestre respondeu: “como o tuiuiú vou espichar o pescoço e ajudar Mato Grosso”. O saudei como dono do Jornal de Chapada e contei que ele, presidente da República, informalmente, foi tomar cafezinho com brasileiros na Rua 46, aquela que com o Dia do Brasil, passou a ser a Little Brazil.


Dorothy formada em outras escolas, com princípios e valores de independência pessoal e de imparcialidade não fará, se decidir por Sarney, um livro light, nem tampouco cheio de bajulações, distorções, agressões e difamações. Manias e hábitos, brasileiríssimos.


Disse-lhe que não procure agulha em palheiro e que entre o easy e o hard way em se tratando de José Sarney ela deve seguir a trilha do sol, ir pelo caminho mais fácil, pela sombra, nada de procurar curvas e dunas perigosas. Sarney é mais simples do que se imagina. Se eu tivesse o privilégio de um pouquinho só das qualidades de analistas políticos do calibre de um Castello Branco, Anselmo Góis, Noblat, Claudio Humberto, Clovis Rossi, Jânio de Freitas; Villasboas, Santayana, Diogo Mainardi, se tivesse aceitado anos atrás um cargo no Senado Federal, hoje aposentado e com paz financeira me dedicaria, exclusivamente, à trajetória, à história e ao legado de José Sarney. Aprendi na América que há historiadores, escritores, jornalistas de um tema só: Lincoln, Kennedys, Roosevelt, Bush, Frank Sinatra, Marylin Monroe, Clintons, Obama, Osama...


Essa da derrubada do governador Jackson Lago foi de Mestre. Sarney nunca entra em bola dividida. Seus gols políticos são sempre de placa. Quem achou que ele como presidente do Senado poderia perder a batalha pelo governo do Maranhão errou e errou feio. Roseana, sua filha querida, voltou, é a governadora.


Dorothy também quer saber se estudando e conhecendo a trajetória política de Juscelino, Brizola, Carlos Lacerda, João Goulart, Jânio Quadros, Tancredo Neves, ela chegará ao núcleo central do pensamento e do modo de agir de José Sarney. Disse-lhe que não. Sarney is one of a kind. Nenhum dos grandotes da nossa arena política tem o self control de Sarney. Tancredo Neves também sabia dominar seus demônios e impulsos, mas cercado por raposas, víboras e artistas políticos ele quase sempre era óbvio. Sarney nunca é óbvio. Em uma de minhas muitas viagens ao Rio de Janeiro- com fretamentos de aviões da Varig- no restaurante Fiorentina, conheci o jornalista Mauritonio Meira. Em 1982, ele me disse: pode escrever, Sarney será presidente do Brasil. Por quê? Porque ele come o mingau pelas beiradas. Sendo de um estado considerado periférico ele está no páreo, livre e solto e vai chegar à reta final. Mauritonio arrematou: Sarney não tem os vícios e cacoetes dos políticos do sudeste e joga melhor que os mineiros. Não deu outra. Presidente da República, senador...


Protestaram, não o queriam, mas foram obrigados aceita-lo, primeiro como vice de Tancredo Neves e na seqüência como presidente legítimo do Brasil. JS conseguiu emplacar um ano mais em seu mandato e hoje numa tabelinha com Lula estaria nas pesquisas bem a frente de Dilma Rouseff para a presidência da República.


A norte americana e brazilianista Dorothy Miller vai comer o pão que o diabo amassou. Vai passar noites e noites no computador e no telefone e não vai chegar nem perto daquilo que os gringos chamam de body and soul of this man. Decifrar José Sarney é fácil. Antecipá-lo é difícil. E é ai que a porca torce o rabo e seus adversários se perdem.


Barak Obama errou o alvo: Sarney é o Cara!


Jota Alves

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