segunda-feira, 11 de maio de 2009

Natureza

Não há coisa alguma que persista em todo universo. Tudo flui e tudo só apresenta uma imagem passageira. O próprio tempo passa com um movimento continuo, como um rio...O que foi antes já não é, o que não tinha sido é, e todo instante é uma coisa nova. Vês a noite, próxima do fim, caminhar para o dia, e a claridade do dia suceder a escuridão da noite...Não vês as estações do ano se sucederem, imitando as idades de nossas vidas? Com efeito, a primavera, quando surge, é semelhante à criança nova...a planta nova, pouco vigorosa, rebenta os brotos e enche de esperança os agricultores. Tudo floresce. O fútil campo resplandece com o colorido das flores, mas ainda a mocidade, fecunda e ardente. Chega, por sua vez, o outono: passa o fervor da mocidade e a quadra da maturidade, o meio termo entre o jovem e o velho; às têmporas embranquecem. Vem depois o tristonho inverno: o velho trôpego, cujo cabelos brancos ou caíram como as folhas das arvores, ou, os que restaram, estão brancos como a neve dos caminhos. Também nossos corpos mudam sempre e sem descanso...E também a natureza não descansa, é renovadora, encontra outra forma nas formas das coisas. Nada morre no vasto mundo. Existe uma ave a que os fenícios dão o nome de fênix. Não se alimenta de grãos ou ervas, mas das lagrimas dos insumos e do suco de amônia. Quando completa cinco séculos de vida, constrói um ninho no alto de uma grande palmeira, feito de folhas de canela, do aromático nardo e a mirra avermelhada. Ali se alimenta e termina a vida entre perfumes. De suas cinzas, renasce uma pequena fênix, que viverá outros cincos séculos...Assim também é a natureza e tudo que nela existe persiste.

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